A FEIRA LIVRE – UMA INSTITUIÇÃO TÃO ANTIGA COM GESTÃO TÃO MODERNA!
- 4 de ago. de 2021
- 2 min de leitura
Por Sônia Gurgel
Recentemente, mudei-me para um local onde todos os domingos organiza-se uma feira livre. Da minha janela posso então observar os princípios de gestão envolvidos para que ela aconteça de forma harmônica e produtiva.
Não há um CEO da feira. Há um organismo público que estabelece políticas e procedimentos e, a partir daí, credencia as empresas/barracas que poderão expor ali seus produtos.
Após o credenciamento, tudo funciona na base da confiança e autonomia. Periodicamente, faz-se uma auditoria para assegurar que os requisitos legais estão sendo cumpridos. Caso o desempenho dos expositores não esteja de acordo com o combinado, medidas para correção de rota são tomadas, podendo culminar até na demissão, que na linguagem do setor significa o descredenciamento e a perda do ponto para outro. Se o desempenho é bom, os empresários cativam os clientes que lá “batem ponto” toda a semana!
Cada célula/barraca funciona autonomamente, com seus próprios princípios de gestão. Essas células têm um gestor que define a estrutura de pessoal necessária para todo o processo: compras – finanças – investimentos – logística para garantir que os produtos estarão disponíveis e para montagem e desmontagem das barracas – “vitrinista” para exposição dos produtos - venda e relacionamento com o cliente. Esse gestor define também todo o processo, treina os envolvidos e até promove-os para tarefas mais complexas quando demonstram bom desempenho nas tarefas básicas. O trabalho em equipe é fomentado à exaustão, pois sem ele nada acontece. Parecem formigas trabalhando, cada um tem o seu papel, mas também ajudam os colegas quando necessário.
As barracas maiores começam sua lida por volta das 3 horas da manhã, para assegurar que tudo esteja perfeito no horário previsto de abertura, às 7 horas. As menores e com menos diversidade de produtos começam a montagem um pouco mais tarde. Dessa forma, o fluxo de pessoas trabalhando fica controlado, evitando barulho que possa incomodar os vizinhos na madrugada.
Imagino que o absenteísmo e a rotatividade estejam sob controle, pois as operações acontecem todas as semanas, faça chuva ou faça sol.
O desmonte é outra operação que exige sincronia absoluta. As barracas menores, que são transportadas por veículos menores, são as primeiras a sair. As que precisam de veículos maiores são as últimas. A colocação dos produtos dentro dos caminhões e vans também segue um processo pré-definido, para que tudo seja armazenado de forma correta para o transporte.
Conforme o desmonte vai se aproximando de seu término, novos protagonistas da cadeia produtiva chegam, é a hora da varrição. A seguir, vem o caminhão pipa para deixar tudo perfeito!
Não se pode esquecer da importância sócio ambiental desse empreendimento. Não só os materiais recicláveis são devidamente armazenados para coleta posterior dos carrinheiros, como muitos produtos, cuja validade está próxima ao recomendado, são distribuídos ao mais carentes, garantindo-lhes uma mesa abastecida de produtos saudáveis por alguns dias.
É ou não é uma operação de empresa moderna? É a empresa dos sonhos! O “CEO” define as metas e as regras. A partir daí, delega a operacionalização e dá autonomia. Há acompanhamento periódico do desempenho, não só pelo “CEO” como pelos clientes. Um processo bem definido. As pessoas trabalham como equipe de alta performance: compartilhando, sincronizando e entregando. Todos são protagonistas nesse evento!
