Tapete vermelho também na saída

Por: Alba Soares

Não é uma cena rara: ao entrar numa empresa, depois de um longo processo admissional, o profissional é recebido com tapete vermelho e toda a pompa de um protocolo de boas-vindas, invariavelmente, regado à alegria, festa e orgulho. Porém, nem sempre, quando esse mesmo profissional deixa a empresa, seja por desempenho, necessidade de enxugamento da estrutura ou qual for o motivo do desligamento, a situação é a mesma. O colaborador recebe um tratamento impessoal e, em algumas vezes, é tratado de uma forma desrespeitosa, impedido até de voltar à sua mesa ou de entrar na empresa. Essa ambiguidade sempre me chamou a atenção pois a demissão já é um processo doloroso que atinge a auto- estima e a dignidade do trabalhador. É momento de amenizar os aspectos negativos, mostrando respeito pela sua trajetória e dedicação na empresa. É também uma postura preventiva, uma vez que, boa parte das ações trabalhistas se formam ou se concretizam num processo de rescisão mal conduzido. Faço aqui um alerta para as lideranças, sobre a importância de um olhar humano no processo de desligamento, que deve ser feito baseado em valores, respeito, reconhecimento e confiança. É fundamental que o principal gestor de Pessoas assegure a humanização desse processo e que de fato esteja sendo implementado em toda extensão da empresa para que não seja um discurso vazio e desconectado da realidade. Por isso, defendo que o tapete vermelho é importante na entrada de um colaborador na empresa, mas também deve ser estendido em sua saída, em reconhecimento à sua contribuição e dedicação. Não há dúvidas de que, a demissão humanizada tem um impacto positivo para quem está sendo desligado, mas também para os profissionais que continuam na organização e irão perceber que os empregados não são apenas números. Irão reconhecer o genuíno valor das pessoas, com ganhos no clima organizacional, na redução dos riscos de processos trabalhistas e no fortalecimento do employer branding.